"Nunca me Deixes", de Kazuo Ishiguro
Imaginem terem sido concebidos com o unico proposito de serem um dador ou dadora de orgaos e que não viveriam mais longe do que os 40 anos? Esta é uma das problemáticas apresentadas neste livro que irei abordar mais à frente.
O título desta obra é "Nunca me Deixes" da autoria do escritor japonês Kazuo Ishiguro, vencedor da edição do prémio nobel de Literatura em 2017. Kathy, Ruth e Tommy, cresceram na província inglesa num colégio interno ídilico, curiosamente protegidos do mundo exterior e levados a crer que eram especiais. Mas o que os espera para lá dos muros da escola? Qual é, de facto, a sua razão de ser? Só varios anos mais tarde, Kathy, agora uma jovem mulher se permite ceder aos apelos da memória. O que se segue é a perturbadora história de como estas três personagens principais enfrentam aos poucos a verdade sobre uma infância aparentemente feliz e sobre o futuro que lhes está destinado. Antes de prosseguir queria apenas referir dois aspetos muito interessantes da obra: esta passa-se nos anos 90 do século XX, sendo um periodo relativamente próximo de nos podemos encarar esta obra como uma distopia, um universo paralelo que realmente poderia ter acontecido após a segunda guerra mundial; o outro aspeto é o facto de que há medida que as personagens evoluem e descobrem respostas para as suas perguntas o leitor evolui simultaneamente.
Surgem nesta obra várias questões filosóficas e achei interessante enverdar por esta via e comunicar as que se destacaram durante a leitura. A questão que se sobressaíu foi claramente a da: Como é que encaramos o facto de saber que vamos morrer? Quais são as coisas realmente importantes enquanto estamos vivos? As respostas que retirei do livro foi que há realmente duas maneiras de encarar a morte: ou conformamo-nos ou fazemos de tudo para tentar fugir ao destino. Esta questão do destino também é relevante sendo que o autor diz-nos com clareza que não há fuga possível, o que encontramos são formas de nos confortarmos com a inevitabilidade, no caso destas três personagens elas viraram-se muito para o amor e para arte na medida que as suas obras permaneceriam depois delas. Mas será que a arte e o amor fazem realmente a diferença? A resposta sugerida pelo livro é não, não vivemos mais porque nos apaixonamos por alguém nem porque produzimos obras de arte As temáticas da clonagem, doação de orgaos e transplantes são igualmente abordadas, na medida que a a meio do livro percebemos ao mesmo tempo que as personagens que elas não passam de clones concebidos para doar orgãos aos humanos ‘reais’ e levanta-se assim a questão: Até que ponto é aceitável criar clones para o nosso proprio beneficio? Eu diria que é inaceitável uma vez que com este livro percebemos realmente que os clones apesar de concebidos de maneira cientifica, tem sentimentos conseguem amar e chorar. Por fim, a memória nenhuma das personagens se lembra de rigorosamente nada da sua infância dos seus pais entre outros aspetos a não ser dos dias passados no colégio, interpretei isto numa maneira de os proteger das suas proprias lembranças. A realide é que apesar de não termos vivido num colégio todos crescemos num mundo cuidadosamente gerido pelos adultos, a informação que recebemos é gerida ao ponto de não percebermos grance coisa do que se passa à nossa frente, estamos protegidos do munto exterior, excluidos dele embora fisicamente presentes e é isto que se passa nesta obra.
Para finalizar, recomendo a leitura deste livro pelo simples facto de que retrata assuntos atuais e que nos fazem refletir sobre os mesmos. Gostaria de terminar com uma frase do livro que achei interessante: ‘ Aqui há uns dias, um dos dadores a meu cargo disse-me que as memórias, mesmo as mais preciosas, desaparecem surpreendentemente depressa. Não concordei com ele. Não acho que va perder as minhas memórias’.
Maeli, 12ºE